sexta-feira, 23 de março de 2012

Presunção e arrogância em vestido de chita

Maria dos Anjos, uma colega cá do burgo (nome que eu decidi atribuir-lhe para não estar a revelar a identidade da peça de museu)  é uma alma peculiar, diferente do comum dos mortais em tudo: no modo de vestir, na forma de se expressar, na modo de  andar, no penteado e por aí fora.
A diferença não tem de ser necessariamente algo mau, não existe um ser humano igual ao outro, mas neste caso particular a criatura parece um ser arrancado da década de 80, de uma aldeia do interior profundo do país.
De início, ainda tentei fazer um esforço por compreendê-la e até ajudá-la na sua integração  (desde pequeno que saio em defesa dos fracos e oprimidos, era sempre eu que puxava a ciganita para dançar nos bailes, para não deixar a moça esquecida num canto, entrega ao seu infortúnio). Bem, agora que já  vinquei uma das minhas inúmeras qualidades, retomemos a dissertação.
Mas cedo me apercebi que Maria dos Anjos não queria ser ajudada, nem aconselhada e muito menos ensinada, já que ela sabia tudo. Maria dos Anjos era, portanto, um ser superior. Por baixo do casaquinho de tricot que a avó lhe ofereceu pelos anos e do toco com que prende a longa e farta cabeleira negra, vive um génio. Mas aos olhos do comum dos mortais é apenas uma miúda ridícula de 28 anos, com maturidade de 12 que não tem a humildade de assumir as burradas que faz. Aqui está um caso onde as aparências enganam.

Sem comentários:

Enviar um comentário